quinta-feira, 5 de maio de 2016

Deslumbramento




É difícil decifrá-la, ó amada,
Um andar sobre as rosas, extenuante
Esses olhos cinzentos, a pele pálida
Sempre sóbria e tão distante.

Tens do leito toda a clareza
Cabelos caídos nos ombros
É da noite, ave de ígnea beleza
Meu espanto, meu desassombro.

Quando sinto-te, sempre admiro
As tuas faces sempre rubrantes
Também esse perfume que respiro
E esse corpo todo exuberante.

O teu andar é todo plangente
E quando te vejo sóbria e sozinha
Visão que aos olhos não mente
Quisera prender-te, ser minha.

O seu corpo é cheio de movimento
onda que quebra em meu sentir
meu amor, morte, e deslumbramento
beleza que irradia a pungir.

O seu rosto é alvo e feminino
Exercem no mundo todo mistério
E ao mesmo tempo todo fascínio
Tem a quietude de um cemitério

E tudo em ti atrai agudamente
E atrai na vil força do pensamento
As mãos de cetim, sonhos na mente
Brilho maior que o firmamento.

É difícil decifrá-la, ó amada,
Um andar sobre as rosas, extenuante
Esses olhos cinzentos, a pele pálida
Sempre sóbria e tão distante.


 Filipe Didot,
Outono de 2016

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